terça-feira, 26 de agosto de 2008

O Grito Silencioso

De uns tempos para cá, um tropeço me fez dar alguns passos para trás e para os lados, e comecei desajeitadamente a dançar – sem mais certezas. Literalmente e em sentido figurado... O curioso é que o sentimento de estranheza em relação a tudo, que surgiu aí, surgiu precisamente a partir do que, por outro lado, me deu uma razão para me prender ao mundo. Velho impasse, velhas incertezas, um passo atrás um passo a frente.
A partir daí, apesar de sentir meu espírito como que em delírio, e de forma estranhamente lúcida – nada. Nada! Talvez, me disse não sei quem na época, fosse aquela terrível inquietação que por vezes se mostra quieta. – Ah! Mas de que me adianta ter o espírito envolto a toda sorte de “imagens” se por fim elas não passem disso, não assumam um caráter efetivo? E por outro lado, na falta da Forma, ou melhor, na falta da Bela Forma, a matéria não passa de merda solitária.
E é mais ou menos em meio a esse estorvo que me perdi por esse longo tempo de silêncio aqui, neste renomado blog. De um lado, eu, Antônio Ribeiro, acreditando estar possuído pela “Musa” (mas não conseguia tornar isto objetivo); de outro lado, uma vastidão de possibilidades de mundo, mas sem forma e sem sentido.
A idéia até que vinha, mas como que um instante antes de chegar às cordas da laringe, tísica, tênue, mínima, raquítica, ou antes que eu conseguisse fixá-la em tinta e papel, ela se perdia em redemoinhos de devaneios tristes que a sufocava e reprimia. Ou ainda se perdia em textos outros, como se perdeu... Mas não mais! – Este escrito vem quebrar o silêncio depois de oito meses!
Desculpem-me, caros possíveis leitores, não tive paciência para bolar aqui uma apresentação com mediações mais elaboradas. Escrevo o presente quase por imposição, minha imposição. Nada de torto e brilhante – é certo.
É mais como se um anjo reto tivesse dito: Vai, Ribeiro! Ser destro na vida!

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