segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Confidências de um Inconfidente em Ouro Preto

Certa vez em Ouro Preto, em um bar chamado Barroco, conhecido por sua saborosa coxinha, e a melhor pinga com mel da região, ponto de encontro de ourorpetanos, estudantes, turistas e palco para situações inesperadas, de fato um pequeno manicômio na rua direita, onde seus frequentadores podem usufruir de um momento de loucura inesquecível, aconteceu um fato no mínimo... interessante.

Em uma noite de Sexta – Feira, bar lotado, muita fumaça, muito calor, muito barulho; eu e um amigo discutíamos sobre música, filosofia, mulheres; enfim, sobre tudo, como costumávamos fazer sempre quando nos encontrávamos ali.

Depois de algumas cervejas e três (ou seriam quatro) doses de pinga com mel, uma figura estranha entrou no bar. Engraçado, ele me lembrava alguém. Mas quem? Vestia calça de malha azul, camisa branca, coturno. Tinha os cabelos longos, barba feita, e o mais engraçado, andava com uma espada de madeira presa a sua cintura. Cutuquei meu amigo e disse: "Olha o cara". Rimos muito. Pessoas estranhas frequentavam o Barroco, mas igual a este sujeito nuca tínhamos visto. Olha que não era nem carnaval!

Ele entrou, todo mundo olhou, uma com mel ele solicitou, no balcão ele trepou, e logo seu discurso começou: "Oficial feio e espantado, malvado, fraco talento, pobre sem respeito, não, isto não. Mas louco; louco sim. Quem não é louco (As pessoas escutavam atentas, nunca houve tal silêncio naquele bar)? Todos os grandes homens e mulheres da história reservam o direito de serem loucos. Picasso era louco, Glauber era louco, Vinícius e Sócrates também. Claríce era louca, Maria I e Sinhá Olímpia eram também. E eu Tiradentes sou louco. Louco por liberdade e pelos meus sonhos".

As pessoas se levantaram e entre aplausos e assobios, "Tiradentes" agradeceu, pulou do balcão deu uma golada na sua pinga com mel e foi se embora.

Cutuquei meu amigo de novo e falei: "Olha o cara". E rimos muito!